A vida a dois
A vida a dois é difícil. Quando as pessoas são bem jovens, ela pode destruir a ilusão de namoro eterno, com o desgaste do dia-a-dia. E quando as pessoas resolvem passar a viver a dois depois de uma certa idade, alguns hábitos se instalaram nelas e tudo o que é novo vem perturbar isso. Daí tantos choques. Daí casamentos que não dão certo quando o namoro caminhava maravilhosamente bem.
Quando a gente sonha, nunca sonha problemas. Provavelmente é por isso mesmo que são chamados de sonhos. Quando se trata de amor, sonha-se com namoros, momentos a dois, uma harmonia perfeita. Mas chega a vida a dois... e dona realidade entra em cena.
Ai!... dona realidade! A gente começa a ver o outro exatamente como é quando se levanta, quando se deita, quando está de mau-humor, cansado. A ilusão do perfeito vai se desfazendo aos poucos. De tanto ver o outro, não há mais espaço para a saudade. Tudo vira tão comum!...
Quando atingimos um objetivo, deixamos de lutar por ele. Não passa pela nossa cabeça que é preciso, a cada dia, conservar essa conquista. Um namorado que vira esposo esquece-se do quanto é bom namorar, esquece-se que a Cinderela está ainda bem viva no interior daquela que seu coração escolheu. Uma namorada que vira esposa esquece-se muitas vezes que precisa estar bela para o seu querido.
Cada qual consagra mais do seu tempo a outras coisas porque pensa que o que foi adquirido é definitivo. Mas não é. O amor, por mais forte que seja, se desgasta também. Viver a dois é viver a dois e não somente dormir a dois. Se cada um vai procurar satisfações em outros lados, a relação se termina.
É preciso guardar-se um pouco para o outro. É preciso conservar um pouco de mistério, não ser tão comum. É preciso continuar namorando, mesmo se os meses e anos passam. É preciso não estar distante demais para que o outro perceba que pode escolher outros caminhos, nem junto demais para que o outro não se sufoque.
É preciso muita maturidade para se viver essas situações. É preciso guardar-se de envolver as famílias nos problemas do casal.
Se você se encontra numa situação assim e precisa conversar com alguém, tenha sabedoria para escolher essa pessoa. Pais e mães, com todo o amor e respeito que devemos a eles, estão emocionalmente envolvidos demais para que possam ajudar e dificilmente não vão tomar partido, o que ao invés de ajudar, só atrapalha.
O próprio nome diz: vida a dois. Problemas a dois. Soluções a dois. Porque a felicidade ou infelicidade é a dois também.
E Deus, que é Pai dos dois, saberá dar orientação. É preciso, nesse caso, olhar para Ele, que sabe perfeitamente onde colar os pedaços e dar unidade onde nossos olhos humanos só vêm duas metades separadas e sangrando.
Aceite-me como sou
Aceita-me como sou! Não tente me mudar! Eu nasci assim, cresci assim e provavelmente vou morrer assim. Se você me ama... deve me aceitar como sou!
Alguém já ouviu isso? Já disse isso?
É uma súplica. É, na verdade, uma maneira de dizer, sem usar palavras, que não aceitamos mudanças, nem queremos que nos mudem. Nós somos o que somos e pronto!
Mas se todo mundo se mantiver nessa posição, cada um vai ficar isolado. Porque na realidade, não podemos mudar a nós e nossa personalidade por causa de ninguém, nem deixar que façam o que querem de nós, mas é tremendamente egoísta dizer "aceita-me como sou" que significa de fato "não estou disposto(a) a fazer nenhum esforço para me adaptar ao "seu" jeito de ser.
Relacionamentos são compromissos. Se não há flexibilidade de parte e de outra e uma disposição para se guardar e ao mesmo tempo se adaptar à personalidade do outro, não há relacionamento que funcione.
E se essa prédisposição a se adaptar só ocorre de um lado, também não funciona. Se devemos aceitar a outra pessoa exatamente como ela é, mas nós devemos nos ajustar a ela para que continuemos juntos, não há equilíbrio na relação. E é injusto.
Em todo relacionamento é preciso que haja contrabalanceamento. Cada um se esforça um pouco, põe o orgulho e as idéias fixas do lado e ambos encontram um meio de continuar no mesmo caminho.
Somos humanos e podemos ser flexíveis se nosso coração nos pede. Isso não nos diminui, mas pelo contrário, nos engrandece.
Que o amor nos molde! tenhamos amor suficiente no coração para reconhecermos sozinhos os pontos aos quais podemos ceder para a felicidade da pessoa que convive conosco.
Se ambos tiverem a riqueza de espírito de pensar assim, a caminhada juntos será longa, eternamente longa...
Nenhum comentário:
Postar um comentário